Imagem #22

jan 14, 2025

Melodrama slasher

Quais os limites entre o terror e o melodrama? Neste artigo, Jaques Lucas Cavalcanti e Flavia Cesarino Costa relacionam o terror de Pearl (2022), do cineasta estadunidense Ti West, ao melodrama clássico Tudo que o Céu Permite (1955), do lendário Douglas Sirk. “Ao examinarmos como os elementos melodramáticos são habilmente entrelaçados em tramas assustadoras, podemos desvendar como essa combinação transforma o terror em uma jornada não apenas de medo, mas de intensa conexão emocional com os personagens”, afirmam. Para isso, eles analisam estratégias estéticas que incluem a simbologia por trás dos objetos cênicos, a importância narrativa do olhar externo aos protagonistas e a subversão do happy ending, características do melodrama sirkiano presentes no horror slasher de West.

Pearl e Tudo que o céu permite: explorando as fronteiras entre Terror e Melodrama”
Por Jaques Lucas Cavalcanti e Flavia Cesarino Costa
Ação Midiática (UFPR)
n. 28, 2024


O que se vê

Investido em uma discussão conceitual, o artigo de Eduardo Brandão Pinto considera a teoria de Gilles Deleuze para reavaliar os significados de campo e extracampo no cinema. O debate intelectual tem em Cópia Fiel (2010), do diretor Abbas Kiarostami, um ponto de partida para escrutinar como a câmera, que inclui e exclui elementos a partir do enquadramento, é também capaz de propor uma nova lógica para tudo o que emerge como imagem na tela. “Como poderia, então, a imagem cinematográfica romper o limite sugerido pelo componente físico do quadro, sem, ao mesmo tempo, desconstruir a estrutura da tela, a arquitetura do espaço de projeção e essa dinâmica especial de espectorialidade que o definem?”. A pergunta não é simples, mas o pesquisador mobiliza um arsenal teórico-analítico para ir atrás das respostas.
 
Cópia fiel: o problema do Campo e os limites da imagem-tempo”
Por Eduardo Brandão Pinto
ARS (São Paulo)
v. 21, n. 47, 2023

Cópia Fiel (Abbas Kiarostami, 2010).


Dois Brasis

O ano de 1974 viu nascer o clássico longa-metragem Iracema – Uma Transa Amazônica, muito embora a censura tenha adiado seu lançamento oficial em sete anos. A pesquisadora Karla Holanda, entretanto, escolhe outro filme daquele ano para investigar a fundo: o ainda pouco conhecido Cristais de Sangue. Dirigida pela cineasta Luna Alkalay, a obra faz uma crítica à ideologia da ditadura militar em uma trama alegórica que se passa no sertão da Bahia. Como contraponto, Holanda traz ainda à discussão o curta-metragem A Extração de Minérios, produzido em 1970 pela Agência Nacional, vinculada ao governo. Totalmente opostos em seus discursos, o encontro dos dois filmes no artigo de Holanda expõe a disputa entre duas visões de país que perdura até os dias de hoje.

Cristais de sangue: resistência no cinema brasileiro feito por mulheres em uma análise implicada”
Por Karla Holanda
Rebeca (SOCINE)
v. 13, n. 2, 2024


Clube da criança

O pesquisador Arthur Fiel oferece um amplo panorama da produção audiovisual voltada ao público infantil no Brasil. Em seu levantamento, ele aponta como principais tópicos a presença de figuras militares em programas de contação de histórias nos anos 1960, a chegada dos enlatados nos anos 1970, a popularidade de programas de auditório nos anos 1980, dramaturgias que se destacaram nos anos 1990 e a novidade da TV paga na virada para os anos 2000. Diante dos desafios colocados mais recentemente pelos streamings e aplicativos, Fiel defende como “crucial buscarmos compreender suas dinâmicas de produção, promoção e recepção de conteúdos infantis, para além das próprias formas e características dos conteúdos suportados por essas mídias”.

“O universo audiovisual infantil no cinema e na televisão do Brasil: uma perspectiva histórica”
Por Arthur Fiel
Contracampo (UFF)
v. 42, n. 2, 2023


Novos velhos hábitos

Durante a pandemia de covid-19, o uso de telas no ambiente doméstico se intensificou. Após a constatação, os pesquisadores Carlos Alberto Debiasi e Luciana Martha Silveira foram a campo para entender o impacto desse uso na vida das pessoas. Por meio de questionários e entrevistas, coletaram informações sobre o consumo de TV e streaming dentro do contexto pandêmico. A dupla faz ainda uma genealogia desses artefatos tecnológicos no espaço da casa, a fim de contextualizar a sua utilidade no hoje. “De maneira geral, é possível perceber que as tecnologias contemporâneas da imagem têm agência de criar pequenos espaços de intimidade entre alguns membros da família e outros momentos de individualidade e isolamento do resto dos acontecimentos da casa”, destacam.

“Assistir em casa: presença das tecnologias audiovisuais e consumo no ambiente doméstico”
Por Carlos Alberto Debiasi e Luciana Martha Silveira
Significação (USP)
v. 51, 2024


Ataque à democracia

“A tentativa de golpe de Estado por parte da extrema-direita, em 8 de janeiro de 2023, uma semana após a posse do presidente Lula, foi o ataque mais violento aos palácios de Brasília desde a Revolta dos Sargentos, em 1963, quando a cidade ficou sitiada.” A frase de abertura do artigo de Marcio Serelle, Ercio Sena e Nara Lya Cabral Scabin denota o nível de gravidade do episódio. Neste texto, eles discorrem sobre a representação do evento nos documentários 8 de Janeiro: Anatomia de um Ataque Golpista (Folha de S. Paulo) e 8/1 – A Democracia Resiste (GloboNews). Além da análise fílmica, o trio discute a ascensão da extrema direita no país e também aspectos do gênero documentário quando associado ao jornalismo.

Enquadramentos do 8 de janeiro: uma análise comparada de documentários da Folha de S.Paulo e da GloboNews”
Por Marcio Serelle, Ercio Sena e Nara Lya Cabral Scabin
Esferas (UCB, UnB, UFG, UFMS e UFMT)
v. 3, n. 31, 2024

8 de Janeiro: Anatomia de um Ataque Golpista (Folha de S.Paulo, 2024).


Como nossos pais

Através da inteligência artificial, a Volkswagen colocou a cantora Maria Rita e sua já falecida mãe e também cantora Elis Regina lado a lado em um comercial de TV. Se houve quem se emocionasse com o falso encontro entre mãe e filha, houve também quem criticasse o artifício vinculado a uma marca que estaria lucrando com a imagem de uma artista depois de sua própria morte. Aqui, Heloisa Juncklaus Preis Moraes, Elton Luiz Gonçalves, Luiza Liene e Kênia Zanellaveem a propaganda audiovisual como sintomática da sociedade pós-moderna, marcada por novas percepções de tempo e espaço em meio a mistura de referências e avanços tecnológicos. “O exemplo da voz e da imagem de Elis Regina, reconstituídas pela tecnologia deep fake e em conjunto com sua filha, é um exemplo emblemático desse curto-circuito temporal.”

“Curto-circuito do tempo linear ou a vida reeditada: mobilizações imaginais na propaganda da nova Kombi”
Por Heloisa Juncklaus Preis Moraes, Elton Luiz Gonçalves, Luiza Liene e Kênia Zanella
Contemporanea (UFBA)
v. 22, n. 1, 2024

Volkswagen 70 Anos (2023).