Imagem #21

out 3, 2024

Para sempre Belair

Ao lado dos cineastas Júlio Bressane e Rogério Sganzerla, a atriz Helena Ignez foi responsável pela criação da Belair Filmes, produtora cinematográfica que realizou seis longas-metragens emblemáticos nos tumultuados anos 1970. Décadas depois, Ignez deu início a sua carreira de diretora revisitando esse material. “Em consonância com a herança autorreflexiva do cinema moderno, Helena Ignez propõe uma releitura e uma atualização das personagens que interpretou, assim como um retorno dessas imagens através     do uso de arquivos que são incorporados na construção fílmica”, explicam Daniela Strack e Bruno Leites. Ao discutirem o poder de criação e recriação de imagens, os pesquisadores buscam entender a singularidade do gesto apropriativo da cineasta.

“Helena Ignez diretora: apropriações do arquivo-Belair na visualidade contemporânea”
Por Daniela Strack e Bruno Leites
Eco-Pós (UFRJ)
v. 27, n. 1, 2024


Nas águas de Karim Aïnouz

Expoente do cinema nacional, Karim Aïnouz vem tendo sua obra estudada sob diferentes vieses. Neste artigo de Lucas Soares de Souza e Sandra Fischer, são as dimensões espaciais em Praia do Futuro (2014) e A Vida Invisível (2019) que merecem a atenção. “Elementos dos espaços em que circulam revelam-se como signos sintomáticos. Cores, objetos e figuras da natureza presentes nos filmes atrelam-se a emoções, refletem estados psicológicos das personagens”, escrevem. Nesse sentido, o elemento do aquário, um espaço restrito, se destaca nos dois filmes. Não por acaso, faz contraponto a outro elemento central em ambos: o mar, em sua imensidão. A partir dessa dualidade, aborda-se a sensação de sufocamento e o desejo de se lançar ao mundo.

“Mares e aquários: águas do deslugar no cinema de Karim Aïnouz”
Por Lucas Soares de Souza e Sandra Fischer
Significação (USP)
v. 50, 2023

A Vida Invisível (Karim Aïnouz, 2019).


Campeão de bilheteria

Por trás da predileção do público pela comédia, há um modelo de distribuição e financiamento que tem colaborado para o sucesso do gênero nas bilheterias brasileiras. É o que Raphael Palermo defende em artigo publicado na revista Famecos (PUC-RS). “Só para se ter uma ideia, dos dez filmes brasileiros mais assistidos em 2015, todos foram comédias”, afirma. Franquias como Se Eu Fosse Você, Minha Mãe É uma Peça e De Pernas Pro Ar são exemplos. Para Palermo, entre outros motivos, “a criação de novas leis públicas de financiamento, a presença cada vez maior de investimentos privados e o desenvolvimento de uma rede doméstica de distribuição através das distribuidoras Downtown e Paris Filmes foram fundamentais para o sucesso comercial desses filmes”.

“Distribuição e financiamento no circuito comercial de comédias brasileiras contemporâneas”
Por Raphael Palermo
Famecos (PUC-RS)
v. 31, n. 1, 2024


HQ & Hollywood

Adaptações de histórias em quadrinhos para o cinema não são exatamente uma novidade. Nos Estados Unidos, os diretores Ford Beebe e Robert F. Hill foram pioneiros ao lançar Rocket Ship em 1936, baseado em Flash Gordon. De lá para cá, heróis e vilões conquistaram o público e, muitas vezes, a crítica especializada norte-americana, disputando estatuetas no Oscar. Neste artigo, Yuri Garcia faz “uma investigação acerca de um fenômeno contemporâneo que pode contribuir para algumas importantes reflexões sobre o imaginário popular atual, assim como para questões relacionadas à produção e consumo fílmico dentro de um contexto artístico industrial estadunidense – e suas implicações na filmografia mundial”.

“Comic Books in Silver Screens: um mapeamento das transposições de HQs no cinema hollywoodiano”
Por Yuri Garcia
Comunicação & Informação (UFG)
v. 26, 2023


Cinemas coreanos

Separadas desde 1945 e mantendo relações comerciais específicas desde os anos 1970, a Coreia do Norte e a Coreia do Sul viveram uma experiência inédita em 2018. Pela primeira vez, um filme norte-coreano foi exibido publicamente na Coreia do Sul, por ocasião do 22º Festival Internacional de Cinema Fantástico de Bucheon (BIFAN). O artigo de Gabriel da Silva Pinheiro e Flávia Cesarino Costa recupera o fato, contextualiza o leitor sobre o histórico de ambos os países e defende que a aproximação simbólica foi um avanço para o campo cinematográfico. Para tanto, a dupla adotou uma abordagem metodológica fundamentada em farta pesquisa documental e minuciosa análise de conteúdo.

“Exibição de filmes da Coreia do Norte na Coreia do Sul: novas aproximações e o caso do 22º BIFAN”
Por Gabriel da Silva Pinheiro e Flávia Cesarino Costa
Rebeca (SOCINE)
v. 12, n. 2, 2023


Série transnacional

Desde 2015, quando foi lançado, e sobretudo a partir de 2021, quando o mote Uma Só Globo colocou as marcas do Grupo Globo sob o mesmo guarda-chuva, o Globoplay investe para se firmar no aquecido mercado de streaming. A iniciativa de produzir ficção seriada sob a ótica da transnacionalização seria uma das tentativas para ampliar a audiência, acredita Ligia Prezia Lemos. Série dramática de viés sobrenatural, Desalma (2020) é seu objeto de estudo neste artigo. Ambientada na fictícia Brígida, com forte influência ucraniana, a obra investe em cores sóbrias e tradições europeias desconhecidas do grande público. Lemos a entende como um exemplar da máxima think global, produce local, que põe em prática “estratégias criativas relacionadas a temáticas locais, com aspectos de universalidade nas produções locais”.

“Série Desalma – GloboPlay: uma discussão sobre transnacionalização e matrizes culturais”
Por Ligia Prezia Lemos
Cambiassu (UFMA)
v. 18, n. 31, 2023

Desalma (Globoplay, 2020).


O futuro da imagem

O Laboratório Interdisciplinar Interativo, do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Universidade Federal de Santa Maria, tem como foco a tríade natureza, cultura e tecnologia. Os trabalhos ali investigados desaguaram no território online do AIR, um ambiente em realidade virtual que reúne diversas produções artísticas que, ancoradas em processos de interatividade e imersividade, apontam para o futuro da imagem. Acessível por meio da plataforma Sansar, as produções mapeadas vão de videoarte a paisagem sonora. “Essas proposições audiovisuais buscam explorar as possibilidades de produção e criação de imagens visuais e sonoras que hibridizam camadas de informações de naturezas diversas”, pontuam os autores.

“AIR – LABINTER: realidade virtual e propostas em rede de arte e tecnologia”
Por Andreia Machado Oliveira, Kalinka Lorenci Mallmann, Camila dos Santos, Matheus Moreno dos Santos Camargo e Fabiane Urquhart Duarte
VIS (UnB)
v. 21, n. 2, 2022